A Esperança na Timidez (Dueto com Cecília Meireles)

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Os versos entre aspas são de Cecília Meireles “Timidez”.

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"Basta-me um pequeno gesto,

feito de longe e de leve,

para que venhas comigo

e eu para sempre te leve...

— mas só esse eu não farei."

Então aceite minhas palavras,

Feitas de água e de fogo,

Para estar contigo

Livrai-me de ser demagogo...

- Diga-me então...

"Uma palavra caída

das montanhas dos instantes

desmancha todos os mares

e une as terras mais distantes...

— palavra que não direi."

Então aceito teu desafio,

Mesmo longe da vitória

Balanço a árvore da vida

E atinjo a raiz da memória.

- Lembro-me do seu silêncio.

"Para que tu me adivinhes,

entre os ventos taciturnos,

apago meus pensamentos,

ponho vestidos noturnos,

— que amargamente inventei."

Eu admito: não consigo te decifrar,

Mas afirmo: senti teu perfume no vento,

E lembrei dos seus vestidos noturnos,

Da sua sedução... Seu talento...

- Mas a perdi...

"E, enquanto não me descobres,

os mundos vão navegando

nos ares certos do tempo,

até não se sabe quando...

— e um dia me acabarei."

Mas eu não desistirei,

Pois seu perfume foi te revelando,

Nos ares certos do tempo,

Até na morte... Perpetuando...

- E até mesmo lá... Eu a encontrarei...

Rascunho de Poeta
Enviado por Rascunho de Poeta em 04/04/2007
Reeditado em 04/04/2007
Código do texto: T437932
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