AMOR EM ESTAÇÕES II (com Ana Joaquina)
(Ana Joaquina e Mario Roberto Guimarães)
Vão-se embora as inquietas estações,
E essa ferida no peito a sangrar,
Sobrevivi bravamente às desilusões,
E por um longo tempo fiquei a chorar...
Na vida, há tempos de dor e sofrimento,
Por força das vicissitudes que o destino
Reserva-nos... há tristeza, ou desatino,
A que se busca o tão sonhado alento...
Nas incontáveis e doces primaveras,
Vi desabrochar tantas flores e amores,
Eram apenas fantasias, tristes quimeras,
A ornar meu coração com dissabores...
O encantado viver da nossa juventude
Traz sensações e sentimentos puros,
Que, com o tempo, podem não ser seguros,
Meras promessas, com que a alma se ilude...
No ardente verão acalentei um sonho,
Externei meus sentimentos mais sinceros,
Eternizados nos versos que componho,
Não tão inspirados, porém singelos...
E o sonho é algo por que se luta com ardor,
Abrindo o coração ao que lhe possa tocar,
Vivendo a esperança de, intensamente, amar,
Mas como descobrir, enfim, o puro amor?
Na messe das minhas emoções,
Apesar de desfrutar do fértil outono,
Colhi frutos parcos, meras ilusões,
Que à noite perturbavam-me o sono...
E as estações são cíclicas, se repetem;
Na alternância eterna de tristeza e alegria,
Mas eis que, então, brota de nós a poesia,
Com sinceros versos, que esse viver refletem.
As estrofes ímpares são de Ana e as pares de Mario.