CICATRIZ

Se fosse banalidade, nessa altura da vida,

na minha idade, onde deixei cada pedaço

de mim pelo caminho,

toda vez que nos encontramos sem medo,

ledo engano, "se" eu tivesse medo,

afinal, ser humano é como jogar,

sem saber o que virá depois

e depois, versos, rasgos, pedaços de mim.

Banal? Não, nasal!

Sinto o cheiro, nem sempre perfumado,

sou sem noção, mas presto muita atenção

nas marcas, elas não têm piedade,

e o olhar então?

Ah! Entregam na hora e já,

nem adianta lamentar, ficam por caminhos,

nem sempre tão seguros

e daí? Somos animais racionais que nem pensam,

já pensou se pensássemos?

A boca não sentiria o sabor que hoje degustamos,

não haveria jogo, não seríamos tão insanos!

E aquele desconforto que nos conforta,

não teria essa cor tão forte, tão nossa.

Nossa, como você gosta e eu também!

Assim ficamos marcados e registramos

no versar, todo o nosso olhar, olhar da vida,

com feridas já cicatrizadas,

marcadas e jamais esquecidas.

Paulo Alvarenga e Regina Zamora

Revisado por Marcia Mattoso