HORAS FORA

Tenho tempo de sobra no depósito das minhas horas.

Hoje vou gastar algumas numa demora proposital

e a ninguém contarei os motivos da minha aparente calma.

Calmo? Eu?

Não, não! Nunca fui calmo!

Fui sempre exaltado,

ansioso,

tenso

e febril,

mas ninguém se dá conta

quando a exaltação,

a ansiedade,

a tensão

e a febre inspiram-se nos girassóis,

vão ao pão do silêncio

e não retornam à sala de jantar.

Ninguém se dá conta... Talvez por falta de tempo

entre os remendos dos momentos em branco.

Tempo nunca me faltou...

Sempre tive de sobra,

mesmo no serão da obra.

Não costumo fazer ração para galinhas com as sobras do meu tempo;

guardo-as para estar sempre de férias enquanto trabalho...

(MAURICIO C. BATISTA)(IN MEMORIUM)

Tenho muito tempo para jogar fora as pétalas das minhas horas.

Vou acampar meu pensamento sem senso de regras

e não deixar que seja revelado o segredo que invade as horas.

Não sei se o silêncio será testemunha do ócio algum dia,

mas sei que ele saberá compartilhar com a inquietude

que rodeia o vazio dos impostores.

Tenho todos os defeitos dos errantes!

Sem eles não poderia aprender e corrigi-los.

Ninguém consegue discernir o vácuo do impossível

quando o leme é empurrado para o lado errado.

O tempo sempre me diz alguma coisa...

Costumo tirar férias dos momentos fúteis

enquanto trabalho para ganhar as horas da vida...

(ESTRELA BRILHANTE)

Estrela Brilhante e Mauricio C. Batista
Enviado por Estrela Brilhante em 01/05/2013
Código do texto: T4268981
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