Saudade, são ventos noturnos


1- Distante... Perdido em sonhos...
Busco na lamina fria de minhas lembranças
o sal, a brisa e o fulgir da lua refletida no mar
Rememoro então teu triste olhar...

Duas esmeraldas frias
Que sem pudor choravam por amor
Duas esmeraldas frias
Mas, que traziam o calor do teu peito que ardia!

Ao fechar de meus olhos, longe vou...
Conto ao mar bravio todo meu amor...

Intrépido sonhar, que sem se importar
amarga na boca o fel de teu rancor!

Espero teu beijo chegando junto ao vento...
Tanto temi teu denodado querer
e hoje causa-me estranhesa tanto lamento

Nas águas salinas as gotas gélidas de minha desesperança...
E como que erguido de um tumulo esquecido
O calor de tua presença por meu coração é sentido


2- Amor oculto em minha solidão
Amor que embruteceu meu ser...
Ainda hoje me custar encontrar
Amor , que ainda hoje, me custa caro amar!

Amor “incrédulo” que busquei nos campos floridos da paixão
quando, livres, iremos nos encontrar?
Ah! Presença sentida em autocontemplação!

Em meu olhar, tu, um espectro aprisionado
como Narciso, eu, de meu próprio “eu” apaixonado!

Morri asfixiado no abraço cruel da saudade
Foi a falta que sentia e não a inimiga vaidade!
Busquei amor no reflexo triste de meu olhar
Encontrei dor e desespero...
triste apego revela-se macula em puro adorar!

 
Presença imperiosa roubando-me a vida...
Amor “Imperfeito” rebuscando minha poesia...

 
Há quem diga não ao que de tudo mais se queria
Há quem por amor, sentido abrasador, tremia!
Paginas, de passado, apodrecidas...
No tempo que se esvai, esquecidas...

 
E no peito, como joia rara, guardo o que se perdeu
Abro os olhos...
Tua imagem empalideceu...

Miragem inspiradora de um amor, que se quer, nasceu!
 
3- E se, de tão sozinha, tu viesse a enamorar-se das estrelas?
Diria que:
Nas constelações busquei a luz dos olhos teus

Para encontrar-te fui anjo que na densidade da carne se perdeu...

E se, de tão sozinha, tu viesse a apaixonar-se pelo mar?
Diria que:
Os salpicos das ondas foram beijos que recebi

Quando o que mais ansiava era teu amar!

E se, de tão sozinha, tu viesse a falar com as flores?
Diria que:
Foram delas que absorvi o encanto de teus amores...
Abracei todas de uma só vez
e na maciez das pétalas que se desprenderam senti tua tez!

E se, de tão sozinha, viesse tu a rezar?
Diria que:
De tão ferido, foi pela fé que me mantive erguido!

E se, de tão sozinha, tu quiser chorar
digo que:
Na extrema dor de minha solidão

fiz de minha tristeza tempestade...
E se quiser por um segundo sorrir
dance na chuva e me abrace nas águas desta saudade!


4-  Sou nada mais que a pena triste de um poeta
lembrança colorida de uma oriunda primavera!
Sibilados versos tristes se desprendem dos lábios teus
Tua dor são unhas rasgando minh’alma...
Onde pensas que vais com tanto peso, amor meu?

O mar aquietou-se para ouvir teu penoso cantar
Gotas frias morrendo no canto de tua boca
salgam os beijos que me prometeu!

Aquieta-te partido coração, não vás de amor morrer
Pois meu querer não deseja “ter”
Muito além de possuir

quero dentro de ti existir
e não “estar” ... E sim “ser”!

Assim como a noite morre nos braços fulgurantes do dia
descanse em meu peito tua agonia

tua busca, por um eterno momento, termina!

“Saudade... São ventos noturnos soprando em minha janela
Estrelas sempre clamaram por minha atenção
Gotas cristalinas de saudade, que oculto, chorei por ela!”

 
Noah Aaron Thoreserc e X...
Enviado por Noah Aaron Thoreserc em 19/04/2013
Reeditado em 19/04/2013
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