Edifício Perspicácia
( Izaias Serafim)
E cresce, calada, no lamaçal
Inerte, afundada, no umbral.
Os homens a maculam e abusam
E ela continua pálida, muda...
Seus tijolos têm suor inocente
E seus azulejos refletem o medo.
Suas portas e janelas de vidro
Guardam a ganância ( do cofre o segredo)
Erguida entre burros, asnos domésticos
Ela prospera, com “Trabalho e Compromisso”
Dos alheios a sociedade podre
Até o mendigo sábio, mas omisso.
Um edifício de perspicácia e astúcia
De nobres de veste pútrida e dourada
Na calada da noite compram
A ração mais fétida pra sua manada.
( Kleber Nunes)
Edificou-se entre serras e colinas
Nos lajedos trabalhados em natureza
Em meados de uma década muito pobre
Onde não morava, o lampejo da clareza
defendem, a translucidez de suas paredes
guardas, e vencidos..oh parede de concreto
Rebocada por espesso cimento,que me sufoca
finalmente me arrisco a dormir fora do seu teto
Quero ultrapassar esses muros invisíveis
E sentir o desconforto do frio La de fora
Caminho na negra noite, enquanto vejo ao longe
A luz se apagando do quarto que vivi outrora
Mas desejo encontrar nos mansos e vencidos
Um desejo febril, de mudança ao regressar
E a coragem de poder moldar a sua maneira
O direito de pensar, de dizer,enfim de recomeçar...