ANJOS E CINZAS...
Num sonho meu tingido a óleo
apareceram dois anjos;
um trazia imenso livro com os meus dias passados
o outro usava a noite como lousa
onde o fogo dos meus dias podia ser lido
sem as mentiras que o fogo queima.
O primeiro anjo desfez minha cama,
o segundo ateou fogo à minha casa
com as chamas da minha própria história.
E antes que findasse o sonho
os dois anjos retornaram ao céu;
o mais jovem levava um livro em chamas,
o outro arrastava a noite banhada em cinzas.
Gostaria de fechar meus sonhos
ao trânsito livre dos anjos
por terem aqueles me obrigado a escrever novo livro
e a espanar as cinzas da noite
sem apagar o que já é luz,
mas…
(MAURICIO C. BATISTA)(IN MEMORIUM)
Os anjos foram benevolentes
quando interferiram em minha vida
colaborando na continuação de sua escrita.
Ao retornar encontrei vários obstáculos;
claro, mas quem não os tem?
Aos seis meses de idade
fui agraciada com outra oportunidade
de escrever um novo dossiê...
O incêndio que quase destruiu esperanças,
não foi suficiente para apaga-las.
As cinzas que os anjos varreram do caminho,
serviram de engrenagem para abastecer
a coragem que estava estagnada.
Não tenho nada contra os anjos,
pois acho que cumpriram a determinação dos céus,
será?
(ESTRELA BRILHANTE)