LEME DE VÉSPERA
Estou de saída
rumo a qualquer lugar fora do alcance cartográfico
ou esquecido por ser de difícil acesso.
Levo de vencido o tempo
que me pôs a pastorear por lãs de invernos abissais.
Pensava que as ovelhas quisessem-me eterno
como a monotonia rara de um diamante.
Tolices!
Elas tudo faziam para não morrer de frio
e fugiam da tosquia imitando cigarras à minha janela.
Plagiar a mim mesmo só para exumar um eco?
não!
Prefiro partir sem despedidas;
alguém poderá pensar que fui feliz…
De mim nada levo.
Mesmo que levasse
não dariam pela falta dos meus haveres nas entrelinhas do relento.
Sigo sem bússola
porque a agulha do tempo não aponta o vento
ao aportar na direção dos réus.
Como os antigos tecelões dos mares
seguirei o caminho das estrelas.
Talvez me demore demais a olhar o alto
e mergulhe num abismo sem fundo
por ter esquecido a ignorância dos pés,
ou, quem sabe, siga as setas do céu
e volte para o lugar de onde saí me sentindo ridículo…
MAURICIO C. BATISTA(IN MEMORIUM)
Estou ainda à espera da minha saída,
pois preciso preencher o livro da vida
que por imaturidade continua incompleto.
Pretendo levar algum conhecimento
que por insistência da vontade espiritual
faz a consciência gritar mais alto.
Não vou lamentar se for esquecida
porque acho que o lamento tardio,
envenena o espírito que anseia por sabedoria...
Quero aguardar este momento com a mesma tranquilidade
que a borboleta tem para se libertar de seu cativeiro,
agradecendo e pedindo perdão das faltas que cometi
pela ignorância de estar encarnada.
Estou tentando aprimorar minha evolução
no caminho do estudo das questões que dizem respeito...
Na hora chegada, gostaria se assim for do meu merecimento,
que a bússola apontasse para a trilha do céu
e eu o avistasse sem tropeçar nos espinhos do infinito...
ESTRELA BRILHANTE
OBS: Nunca serás esquecido, mesmo pelo difícil acesso
que a dolorosa distância nos separa...