Ancorados à Saudade
I
Sozinho no cais, estou à espera
Ainda espero que retorne algum dia
A minha paixão por ti é sincera
Que o tempo nos una, traga alegria
II
Poupei-te da dor da despedida
Icei velas e às mãos do destino me lancei
Lançar-me ao mar foi minha saída.
Mas meus sonhos ancorados eu deixei
III
O tempo passa e eu aqui permaneço
Em vão, jogo garrafas ao mar
Com cartas do amor que não esqueço
À saudade condenado por amar
IV
Súplicas que são trazidas pela maré
Ondas de saudade que rebentam na praia
Mas nos deuses do olvido pus minha fé...
Que meu tolo coração não me traia.
V
O frio deste inverno já me castiga
Tornando ainda pior a solidão
Minha sombra na praia, única amiga
A dividir comigo esta maldição
VI
Ondas de solidão balançam meu barco
E naufrago no mar das minhas hesitações
Levada pelas ondas em dia de ressaca
Saudade é água a asfixiar-me os pulmões.
VII
A necessidade de vê-la é meu açoite
Adoentado, ainda fito o horizonte
Ansiando ver seu barco numa noite
E da felicidade bebermos na fonte
VIII
No mar dos meus receios, perdida
Sou um barco à deriva que nunca ancora
A dor da solidão levou-me desta vida...
Sem despedir-me do teu amor, fui embora.
IX
Sinto que seu coração não mais palpita
Então não haverá cura pra esta ferida
Que minha alma nessas águas se reflita
E seja levada junto à sua, noutra vida
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Edimar Silva - estrofes ímpares
Sil Castilho - estrofes pares
Para quem quiser conhecer o belo trabalho poético do meu amigo Edimar: ---> http://www.recantodasletras.com.br/autores/eddieocean