CASTELÃ DA TRISTEZA



Altiva e couraçada de desdém,
Vivo sozinha em meu castelo: a Dor!
Passa por ele a luz de todo o amor...
E nunca em meu castelo entrou alguém!

Castelã da Tristeza, vês?... A quem? ...
-- E o meu olhar é interrogador --
Perscruto, ao longe, as sombras do sol-pôr...
Chora o silêncio... nada...ninguém vem...

Castelã da Tristeza, porque choras
Lendo, toda de branco, um livro de horas,
À sombra rendilhada dos vitrais?...

À noite, debruçada, plas ameias,
Porque rezas baixinho? ... Porque anseias?...
Que sonho afagam tuas mãos reais?


Florbela Espanca

 

 

 

Do castelo frágil e até inconstante,

Tristeza fez morada interior...

Devastou por fim todo o meu amor!

Sofrimento já foi meu par constante!

 

Abri as janelas, sonhei ser amante,

Do amor, sobrou meu peito sofredor...

E o meu olhar é dor... Somente dor!

Que voou com o ar, sim, a todo instante!

 

Um castelo de dor feito de areia,

Avança tal qual ondas d' mar, mareia!

- Se sobreviverá até ao amor meu?

 

- Castelã d' Tristeza, choras por quem?

Castelo construído em amor, bem!

De um amor em nossa veia: - Só tu e eu!

 

 

© SOL Figueiredo

12/01/2013 – 21:15h

SOL Figueiredo e Florbela Espanca
Enviado por SOL Figueiredo em 12/01/2013
Reeditado em 18/04/2013
Código do texto: T4081704
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