NÁUFRAGA DE MIM
Ysolda Cabral
Oscilando entre o bem e o mau,
A deriva do vento, tal qual uma Nau.
Sem direção e sem pensamento,
Sou náufraga em mar turbulento.
No fundo do oceano desconhecido,
Num reino submerso e distorcido,
Minha Nau de ponta-cabeça,
Causa séria estranheza.
Lá em cima não existe tristeza,
O mar é de esperança! É só beleza.
Faz da linha do horizonte,
Entre o céu e mar, uma ponte.
Preciso do fundo emergir!
Sair deste mundo úmido, escuro.
Não faço parte disto aqui.
E sei que, só depende de mim.
Praia de Boa Viagem/PE
15.11.2012
Ysolda
NAUFRÁGIO
Odir Milanez
A noite mais parece um mar em fúria.
O vento investe vultos nos rochedos.
Os ônibus são ondas de luxúria,
treme de frio a febre dos meus dedos.
A chuva chega em chafurdice espúria.
As ruas são dos rios arremedos
Trovões trazem das nuvens a lamúria.
Relâmpagos letais aumentam medos.
Não há teto nem chão. O mar avança..
Como é triste ser mar do desengano,
o cais conceptual da insegurança!
A noite e eu, em navegar insano,
a disputar resquícios de esperança,
enquanto em mim naufraga o oceano..
JPessoa/PB
15.11.2012
oklima