A DOCE BUNDA - Homenagem a Carlos Drumond de Andrade

Do soneto a DOCE BUNDA de Carlos Drumond de Andrade, fiz um mini dueto com a primeira estrofe, e apresento aqui a Doce Bunda em dueto...

Depois vou me entender com meu amigo Drumond... Marquei encontro com ele naquele banco de jardim...

Ele já deve estar lá me esperando...

"No corpo feminino, esse retiro,

a doce bunda é ainda o que prefiro.

A ela, o meu mais íntimo suspiro,

pois tanto mais a apalpo,

quanto admiro".

Carlos Drumond de Andrade

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Igualmente muito a admiro,

e com desejo a apalpo,

arrancando de seu peito fundo suspiro...

Reconheço e afirmo que prefiro

onde a carne abunda, e a mão de lá não retiro...

Marcial Salaverry

Eis aqui o soneto inteiro do Mestre Drumond...

NO CORPO FEMININO

No corpo feminino, esse retiro

— a doce bunda — é ainda o que prefiro.

A ela, meu mais íntimo suspiro,

pois tanto mais a apalpo quanto a miro.

Que tanto mais a quero, se me firo

em unhas protestantes, e respiro

a brisa dos planetas, no seu giro

lento, violento... Então, se ponho e tiro

a mão em concha — a mão, sábio papiro,

iluminando o gozo, qual lampiro,

ou se, dessedentado, já me estiro,

me penso, me restauro, me confiro,

o sentimento da morte eis que o adquiro:

de rola, a bunda torna-se vampiro.

Carlos Drummond de Andrade