DUETO DA PRIMAVERA MOLHADINHA

Um inverno atípico acabou de findar

Deu lugar à primavera cheia de graças

Como por encanto há perfume no ar

Borboletas, aves e abelhas devassas

Rodopiam-se no ar em intenso bailado

No festival de danças a tudo contagiar

Estação mágica a nos deixar apaixonados

Calor gostoso do sol que começa a pairar

Abeirou-se a chuva das flores felizes

Aguando beirais, varandas e quintais

E a natureza respondeu com matizes

Em seu bailado de roupas em varais

Perfilam em umbrais, janelas e portais

Cores deslumbrantes postadas a desfilar

Namorados de mãos dadas soltam seus ais

Os sonhos mais lindos estão a se realizar

Em sua essência a primavera é bela

É um renascer da fé e da esperança

Onde o Divino pintor aviva sua tela

Espalha o pólen em feitio de dança

A borboleta devagarzinho rompe o casulo

Ela intrépida alça seu voo e pousa na flor

A seiva da vida favorece esse espetáculo

Fontes de água a nos saciar a sede de amor

É a verdadeira sinfonia divina da criação

O intrépido coração pulsa e bate mais forte

Não há quem não se quede a tanta emoção

Como conter-se em um fascínio desse porte?

Venha, ó primavera gostosa e irrigada

Encharcada, lavada, suada e molhada...

Prenhe, excitada, energizada, exacerbada

Fêmea, espontânea, amante e namorada!

Duo: Lourdes Ramos e Hildebrando Menezes