Ventos uivantes
Ventos uivantes
O silêncio move-se na alma nublada, de olhos fechados como cego lendo palavras em braile,
Mudo, o mundo se levanta em vozes desencontradas.
E os ventos uivantes erguem um lamento, procurando juras confessadas.
Engasgadas na rodagem das estradas!
Vão aos poucos afiando, meus nervos de aço...
Que a qualquer momento, pode num segundo, partir-me em mais um pedaço.
Os pensamentos de tudo que vivemos... Perpetuo sem cansaço.
Ficou calado, sumido nos ventos que cruzamos passo a passo.
Pingos de sangue, lágrimas sem voz!
Deixadas nas areias e levadas...
Em ondas que chegaram veloz!
Carrego meu crânio em minhas mãos
Próximo ao lado esquerdo do peito mareado.
E vou limpando ferrugens, encrostadas de solidão.
Das lágrimas no olho enferrujado.
Sem a chuva sobre meu corpo, banho-me de estrelas!
Esperando que também possa vê-las.
(Em resposta as minhas próprias sementes que nasceram sem você ao meu lado)!
Os ventos uivaram feito uma canção
Debaixo das árvores que se desfolharam.
Folhas rolaram em túmulos mortos, reverenciando a essência dos poetas!
Levadas nos ventos... Talvez ofertadas!
Poesias amaçadas, papéis com lamentos... Palavras perdidas ou abandonadas... Com sofreguidão ao largo vento.
Fenômeno? Não sei! Talvez saudades!...
Das vozes que adoçaram as ventanias...
Do mistério das canções de nossa idade.
Silenciosa alma, alma das palavras...
Tingindo com Pena e nanquim, papéis em branco.
Quando no cérebro o barulho é ensurdecedor lembranças daquele amor.
Palavras estacionadas explodem dos dedos, no teclado de um computador!
Palavras mudas que adormecem os ventos.
Em silêncio, querendo olhos e ouvidos... De seres desconhecidos...
Procurando pensamentos.
Palavras não cabem prisioneiras do vento, que viajam desertos e tardes...
Dias de sol e de chuva... Luares!...Sem existir fronteiras.
Transportando vozes, de todas as maneiras...
Comunicação mental, meditação, telepatia.
E este vento lufando em meus sentidos... dia apos dia!
Minh'alma transborda de todas as prisões, sensações de universo,
noites frias!
Saio do frio e escuro calabouço, apenas com esboço de versos que haviam!
Sinto os ventos uivarem aqui já perto... Balançando cortinas que doíam.
A poesia tem febre terçã
E une corações libertos...
Com palavras remendadas e costuradas, une um ao outro...
E os põe bem perto!
Francisco Cavalcante & Tony Bahia