EU, YSOLDA CABRAL
 

  

Sou matuta nata de Caruaru
Nascida em vinte e dois de abril
Feia e mal apanhada
Diz todo mundo que viu
 
Com o tempo fui melhorando
E tal qual um passarinho
Aprendi fazer biquinho
E a todos fui conquistando
 
Quando cheguei à puberdade
Achavam-me uma beldade
Porém eu não gostava
E com a fealdade eu sonhava
 
Até que cheguei numa idade
De achar tudo besteira
Pois o que vale na verdade
É a minha essência fagueira  
 
Hoje sou o resultado
De tudo que nunca quis
Porém o meu amado
Sabe que sou feliz. 

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EU, ODIR MILANEZ


Sou leva do longe do tempo,
que é breve,
e escrevo o que escreve
o destino de mim. 

Sou feito do fim,
a partir do começo,
por isso me esqueço
dos dons de onde vim.

Sou crente da crença
dos credos antigos,
das mãos dos amigos
que a vida levou.

Sou forma imperfeita 
de forma incompleta ,
apesar do poeta
que abrigo no peito.

Eu sou a desfeita
que foge ao primor,
sou cria do amor
em cópia mal feita.

Eu sou o não sou,
das sobras desenho,
sou eu que me venho
do que me restou...

JPessoa/PB
15.08.2012
oklima