APELO (Marco Aurelio Vieira) / CIÚME (Edir Pina de Barros)
Se tu voltasses, eu seria diferente,
não mais faria teus olhares congelados,
não vedaria tua boca em beijo ardente
dos lábios, medos, nervos meus espedaçados.
Se tu voltasses, não seria amor carente
e acenderia aqueles fachos apagados
de cada qual sorrir vontade independente,
alçando voos sobre os campos, separados.
Porque sem ti, meu sentimento se trucida...
Minh'alma corre acorrentada à vil desvida...
Não há sentido em despertar... O sol morreu!
Se tu voltasses, leniria o meu ardume...
Engoliria a seco, inteiro, o meu ciúme...
Para agradar-te, deixaria de ser eu!
Marco Aurelio Vieira
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Se tu voltasses hoje ao meu regaço
Seria muito bom e, por suposto,
Não sofreria desta dor, desgosto,
E nem traria as marcas do cansaço
Que escavam tantos vincos no meu rosto,
Deixando-o rijo e frio, feito o aço,
e não teria este olhar tão baço
que deixa o meu penar ao mundo exposto.
Ah! Se eu tivesse agora no teu ninho,
Brindando o nosso amor com tinto vinho
Seria Outra, entre os braços teus.
Mas te devora a chama do ciúme
Que esfria, no meu corpo em dor, o ardume
Impondo, entre nós dois, o fim, o adeus.
Edir Pina de Barros