O REVERSO DO VERSO
Sei de cor todos os versos
dos meus poetas de cabeceira.
Ignoro meus próprios versos
e rio-me deles em sinal de deboche.
Rio ou choro?
Meus versos são cicatrizes
a decorar-me o coração,
e de que dores padeço às vezes!
Palavras coaguladas no nó da garganta,
infindáveis são seus ecos
a implorar alforria.
Palavras letais quando contrariadas,
não são palavras… são chicotadas,
quando lhes desconheço o sentido
e as deito no leito frio de um papel,
sem o calor
trancado, a sete chaves, dentro do peito.
Ah! O verso é um juiz implacável,
injusto…
No verso há sempre um dedo indicador
acusando o poeta.
Odeio os meus versos!
De todos sou o algoz,
e não hei de sabê-los de cor…
Seria declamar em brados
meu veredito e minha sentença…
(MAURICIO C. BATISTA)(IN MEMORIUM)
Não sei se meus versos são deleites ou angustias,
pois minha mente vagueia por encantos e desencantos
que a vida por si só se propõem...
Sou grata por tentar escrever e distrair-me com ilusões
que as próprias lembranças narram...
O verso é um estopim que acende a inspiração,
mas antecipa a saudade de algo que está distante...
Meus versos são fissuras deixadas na alma
que nem mesmo o tempo pode fazer cicatrizar.
São palavras sufocadas que machucam
por meio de uma respiração mal feita...
As frases contidas nos meus versos
descansam sua ansiedade e afogam a vontade do querer...
Não consigo julgar se os versos me fazem bem,
embora a descarga de prazer em redigi-los
contribua para um êxtase de embriaguez...
Na tentativa de reprimir as dores,
fico à espera de sonhar com os sabores
que os versos futuros me trarão...
ESTRELA BRILHANTE)