LAR DOCE MAR
Vivo a alguns metros do mar.
No canto da boca guardo um acalanto enfrascado no beijo;
nele revejo amores de sentinela
quando descubro poesia na azia dos amores mal digeridos.
Vivo desperto sem deserto em meu banho de sol
e sem risco de enchente na nascente exclusiva da lágrima.
Varro areias da ressaca!
Sou zelador de espumas
soletrando cada uma como menino em seu primeiro mal me quer…
E o mar sempre adoça a boca dos varredores de areia
que recolhem pedaços de luar (cacos de melodias arrependidas)
e remontam o espelho da sereia retratada em serenata.
Vivo a poucos metros do mar,
mas a foz dos meus sonhos é sempre a gota
que o beija-flor deixa de gorjeta
à borboleta inaugural da manhã…
(MAURICIO C. BATISTA)(IN MEMORIUM)
Vivo a alguns metros do mar.
Na mente guardo as lembranças de um grande amor
registrado em algum lugar do passado com tempero de saudade.
Passo os dias folheando recordações impressas na areia
e colhendo ondas para satisfazer o pranto da alma.
Sou uma estrela com brilho ofuscado pela tristeza,
mas sem perder o rumo claudicante de algumas alegrias...
O mar é sempre o endereço da meditação
com remetente perdido em lágrimas e emoções...
Vivo a poucos metros do mar,
pois a riqueza dos meus sonhos está no abrigo de uma sombra
que o Sol da manhã desenha no jardim do horizonte.
(ESTRELA BRILHANTE)