FATO VESPERTINO
Um verso cavalgava o vento em assento de temporal
e rédea frouxa ao sabor da montaria.
De passagem assisti seu número sem dar a entender que o via,
se bem que o olhar não inibe o nu que é realmente nu.
Quando veio a chuva vi o mesmo verso navegar e ser seu próprio capitão.
Vi sua luneta encharcada de horizontes respingando estrelas na tarde
e enchendo de luzes o cantil do meu olhar de tantas sedes.
Depois tudo voltou ao normal;
a chuva e o vento partiram.
Não vi mais o verso…
Certamente atravessou a tarde
pelo lado de dentro de um arco-íris…
(MAURICIO C. BATISTA)(IN MEMORIUM)
Vi quando um verso meu entrou em transe
para satisfazer o ego das letras
que temiam não ser redigidas.
Afinal, não é qualquer palavra que sustenta uma rima
sem perder o rumo de sua estrofe.
Seu navegar era preciso,
pois sabia que o embarque dos sonhos
vinha acompanhado de saberes...
Não tinha canções no dialeto,
mas tinha o sabor que aquece o coração
enquanto a vida procura um atalho...
Ele partiu deixando saudades...
Sei que será difícil encontrá-lo para agradecer a gentileza,
que com certeza fará toda a diferença.
A essa hora deve estar acariciando uma nova poesia
que certamente acompanha uma estrela cadente...
(ESTRELA BRILHANTE)