Silêncios e Silêncios! -Tereza da Praia /Maria Thereza Neves

Silêncios e Silêncios!

Tereza da Praia

Há silêncios ruidosos que perturbam.

Silêncios muito estranhos, abusados.

Silêncios importunos que provocam

Reações hostis e indelicadas.

Tu te calas, eu, qual animal ferido,

Rumino as palavras, que sangram

sem serem ditas.

Regurgito diamantes em lavras.

Silêncio que me trai, que me infelicita.

Silêncio um tanto bandido.

Há o silêncio intimista com jeito de oração,

De alguém que prepara a partida,

De alguém que amou e rasgou o coração.

Silêncio de quem parte sem despedida.

Aprendi amar este silêncio musical

Diferente do silêncio que fez Poncio Pilatos.

Diferente do silêncio odiento dos ingratos,

Mas um silêncio terno quase celestial.

Este silêncio da mulher apaixonada,

Rejeitada, carta fora do baralho.;

Silêncio que evita cruel achincalho

De conjugar o verbo amar,

Só na primeira pessoa do singular.

&

Silêncios e Silêncios!

Maria Thereza Neves

Silêncios dos silêncios

pe - da - ços da alma

que engravidam palavras

en-tre-la-çam

como se fossem únicos.

Teias escolhidas, absoluto do nada

sem ver a distancia escorrer

sem perceber o cair das folhas

quando os dias fogem vazios

dentro das solitárias noites

das mãos que calam, gelam...

f l u

t u

a m

entre as asas dos sonhos

no olhar opaco da impenetrabilidade do ser

r u m o aos sentidos sem sentido!

Invisibilidade que ilumina

em algum espaço

morre o poeta

na poesia inerte

vendo a ausência do amanhã

a caneta desliza seca

sem saber dizer mais nada.

28/05/2012

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Maria Thereza Neves
Enviado por Maria Thereza Neves em 28/05/2012
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