Moreno II e Eco

Moreno II

ah,
meu amado
amancebado
com poesia...

plagias
da noite
afoito desejo
gracejos da lua...

em ruas e brejos
beijas o amor, o prazer
sem perder o senso
imenso que a vida pontua...

ah, lindo poeta
pipetas manipulas
manifestas máscaras
da dor que suportas e aturas

ataduras do tempo
vento que limpa,
delimita a morte
por sorte és poeta

espetas com cânticos
sãnscritos da cura
que tatuas
no corpo e na alma

ah, velho poeta menino
meninice delicada, sutil,
senhoril em versos mansos
remansos de cantos e letras

Soninha Porto


Eco

hiberno invernos,
nos versos que me dás vida
e de acaso faço bodas
com o poema

varar noites
nos desejos plagiados
quando sorri a lua

vagando nas ruas
despertas aos beijos, molhados
do incenso queimado
a teu sabor

belos são os olhos de quem mira
sem ira, sem eira, na beira
do lago que reflete
o rosto baixo às máscaras

os grilhões
se rebentam na ressaca
dos olhos...

velhice canta à meninice
caduca, insolente criatura
que alfineta, aqui e ali...
o lago de seda.

por fim sorris, só eu rio
contigo,
o que já só nós notamos.


Gustavo Schramm.