Desperto a noite

perco-me em vultos

nos mantos da lua

atrás da porta do mundo

nas toscas formas violentas de magias

a fragmentar o brilho dos girassóis...



Não lamentarei o que tocou-me fundo

não indagarei mais o amanhã

desfazendo-me em gemidos tristes

viverei o ardor do sol

galgando os ramos dos dias...



Amplio lentes do coração

olhos invisíveis, grudados na alma

apago marcas das máscaras

desertando medos e sombras

escorridos nos versos do destino.



Guardo comigo a poesia

respirando livres lembranças

embalando saudades

que não esqueceram

de mim em mim.



03/02/07

(Direitos Reservados)



* * *



Resgatando a alma

Impregno a diáfana cortina

Da boreal aurora

Vem do infinito e lembra

Que o sol teima além da treva

Fria, ríspida, funesta

Que me regela e circunda



Desatando os braços abrigo no peito

Fluxos de energia transmudando

Pingentes de gelo em pérolas

Que rolam brandas levando

Amargas inculpadas ondas

De contido sofrimento



Desafogada levito

Às planuras me designo

Onde boninas concertam

Em tons rosados e puros

Alvas nuvens de sossego



Condenso a alma e assomo

Refeita em gotas de chuva

Implorando ao céu que sejam

As lágrimas derradeiras

Consumando o fim do tormento.



Maria Thereza Neves & Maria Petronilho