Errava o cometa

De estrela em estrela

Cauda tisnada, parecia uma beata*.

Dá-me uma centelha,

Minha amada!

Traz-me nova luz e eu te darei… prometia...

Torná-la Sol, Sírios, Super-Nova

Ia brilhando à custa de uma ou outra

De que tirava

Raiozinhos dispersos

Quando passava



Era voraz, mas disfarçava

Queria engolir a estrela

Mastigá-la, aglutinar-se nela

A ver se brilhava



Em fúria roubava a luz ao dia

Saltava de lua em lua

Tudo a sua gula devorava



Mas a inexorável rota

Levava-o directo à terra!

Inflamou-se um instante

Ao furar a biosfera

Brilhou como nunca brilhara





Em estrelas cadentes

Os estilhaços luziram nos céus

Os meninos pediram desejos



O cometa, dispersa poeira,

Quem sabe onde aterrara?!



&




Mágicos momentos
que engravidam flores
instantes polens
que fogem ao vento
escapam ao soprar das folhas.



Traços
rabiscos que marcam
dissolvem em sombras ondas
lembranças
memórias-almas
infinitos perdidos horizontes .



Inércia dos sentidos
dos sons esquecidos
essência ,digitais dos frutos
das pedras , poças , estradas e ruas
cegos restos de vidas
em vazias surdas mãos.



29/01/07

(Direitos Reservados)





O Cometa - Maria Petronilho
&
Abstrações - MariaTherezaNeves