O ENCONTRO

Quando o avião pousou, pensei: cheguei afinal. E mentalmente, fiz uma prece: Obrigada Deus, por ter me permitido chegar sã e salva, e também por ter conduzido aqueles que comandaram o avião. Amém.

Ainda era alvorecer e ao sair do avião, tive meu corpo tocado por um vento frio ao qual não estava acostumada, tremi; senti meu coração acelerado, uma ansiedade sem tamanho; meu corpo febril e hesitante.

Ansiosa, deixei a pista de pouso e encaminhei-me para o saguão, onde aconteceria o encontro.

Quando apareceste na plataforma de desembarque logo descobri que era você. Tua pele morena, tua face enrubescida, minha ansiedade estava certa. Afagar teu queixo com a ponta dos dedos foi minha primeira atitude. Toquei tuas mãos trêmulas. Apertei-as com paixão.

Tinhas me dito que tinha medo de avião. Será que ainda tremia assustada pelo avião? Segurei tuas mãos com firmeza e olhei em teus olhos brilhantes, meio atarantados. Teu corpo ainda oscilante acercou-se do meu. Senti um eflúvio de ternura emanando de ti. Como é linda, pensei; muito mais do que eu imaginava, mais do que as raras fotografias. Bela, angelical, meiga, desejável. Apertei-a com fervor. Tua boca veio ao encontro da minha. Colei-me em teus lábios sedosos. Nossas bocas se umedeceram mutuamente. Nossos corações bateram no mesmo compasso. Nossos braços nos impulsionaram um ao encontro do outro.

Quando me vi no teu olhar me perdi, meu coração ficou parado e ao mesmo tempo arritmadamente festejou! O vento parou seu balé, todas aquelas pessoas sumiram; o meu corpo ao teu abraçou-se, e te senti pela primeira vez; meus lábios aos teus se uniram famintos, ansiosos, e quiseram mais e mais... Meio sem querer me afastei; o vento voltou a executar seu balé. As pessoas ressurgiram, e nós nos descobrimos observados por elas. E frente a frente, olhos nos olhos, toque de mãos, cheiro, calor; depois de um longo tempo concluímos: agora temos um ao outro.

A pérola que tanto desejei estava em minhas mãos. E, bebendo do amor que nos fez esperançosos, nossos corpos ofegantes, nossas almas exultantes proclamam o encontro, o amor vicejante.

Agora és minha. Tua pele morena, tua boca carnuda e doce, tua forma tão profunda de amar me deixou apaixonado no primeiro momento - sussurro ao teu ouvido.

Eu me desfiz em felicidade, fiquei a observar teu rosto tão lindo, há momentos estavas tão distante e agora percorro com as pontas dos meus dedos teus traços, fazendo do teu rosto o desenho mais perfeito que já desenhei. És meu agora. Teus braços fortes meu ninho, tua boca, nascente onde mato minha sede, teu corpo minha fonte de renascimento, teu amor meu néctar que me alimenta a cada crepúsculo, se renovando no mar de Hórus!

És o homem, para o qual sempre irei correr – bem juntinho ao teu ouvido, sussurro.

A longa distância que nos separou agora é coisa do passado. Somos um do outro envoltos pelo lençol do nosso eterno amor. “Vem, minha querida. Dá-me mais um beijo. Quero sentir de novo o sabor melífluo de tua boca”!

Sim, vamos esquecer a distância que quase nos matou; deixando-a no passado do nosso passado; vivendo o presente que o passado nos deixou em presente por todos os desencontros que a distância nos fez desfalecer. Vem, meu querido, beija-me e nunca mais me deixe sem teus beijos!

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Agradeço ao poeta (Joel de Sá), por ter aceitado a compartilhar comigo a autoria desse CONTO. Obrigada querido, pela tua generosidade e carinho!

Edna Maria

Natal-RN/ São Paulo-SP, sexta-feira, 23 de março de 2012.