Tenho Saudade-José Geraldo Martinez/Maria Thereza Neves
TENHO SAUDADE!
José Geraldo Martinez
Às vezes, tenho uma saudade indefinida...
Sei que é tão minha, tão minha!
Coisas talvez, que se perderam pela vida
e chegam sempre me pedindo guarida.
Um amor que eu tive?
O amigo legítimo da adolescência?
A primeira professora, perdida
no tempo que não teve clemência?
O primeiro beijo...
As brincadeiras de rua?
Da lua parecendo um queijo,
cobrindo as noites nuas?
Da matriz e o vigário,
o grande campanário?
O canto do sabiá, no arvoredo,
chamando com ele, o canário?
Talvez fossem os sorrisos das tias...
Os queridos primos bonachões?
Dos dias de chuvas que traziam,
lá no horizonte, os trovões?
Os contos, pelas calçadas,
daquelas assombrações?
Pareciam todas elas almas perfumadas,
a nos esfriar os corações...
O pai que partiu desta?
Sei lá...
A mãe que depois dele seguiu,
deixando o céu todo em festa?
As viagens daquela época,
pelas estradas que serpenteavam os caminhos...
As noites de grandes serestas
aos casais de namoradinhos?
Saudade tão minha, tão minha!
Seria do meu cachorrinho?
(Não sei!)
Dos riachos frescos que traziam,
na peneira, uma porção de peixinhos?
De rolimã, o carrinho?
Daqueles natais barulhentos...
Da vovó, o velho carinho
a me deixar sonolento ?
Às vezes, tenho saudade
quando ainda no tempo ido.
Imaginava prendê-lo com
as mãos !
Hoje, talvez, depois de crescido,
tenho saudade de mim
de qualquer doce ilusão?
&
TENHO SAUDADE!
Maria Thereza Neves
Tantas vezes, tenho tanta saudade
de mim, quem sabe do que fui...
ou do que pensei ter sido...
no vento perdido .
Tenho saudade dos sorrisos distraídos...
da infância pulando para adolescência
na correria da vida...
dos sentimentos adormecidos !
Daquela rua tão minha
acumulada de lembranças ,
reunindo tantos amigos,
trocas, jogos de vôlei!
Tenho tanta saudade dos que se foram,
que me deixaram tão sozinha
a procura de caminhos,
enfrentando tempestades...
E aquele piano que me encantava,
hoje calado num canto...
dos pinceis colorindo
paisagens da vida !
Tenho saudade daquela força
que brotava, que vencia ,
que aquecia sem jamais esmorecer!
Dos tempos de faculdade,
das olimpíadas, disputas sadias
que agregavam mais e mais amigos!
Tenho tanta saudade de mim...
hoje sou fantasia do passado,
escrevendo poesia nas calçadas,
revivendo minha história
e nada mais !
03/03/2012
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