UMA CASA COMO POUCAS
Posso pela música enxaguar todas as manhãs
e ver um corpo vestido de nudez tão azul
qual um céu feito em mechas de andorinhas.
Posso em meu rabisco provar o petisco dos anjos
e soletrar vozes nas cores ocultas de um arco íris
até descobrir a autoria de tudo que canto.
Posso compor a lágrima e sofrer
até que a alegria ache graça
de tudo que pareça dor.
Eu posso quando for inteiro...
parte de um sonho que me dá a mão, pão
e abrigo em condomínios de estrelas.
Por sua presença
sonho um útero grávido de sonatas;
azul por residir no terraço
que serve de espelho à Vênus enamorada.
Por mero despertar
casa e sonho em luzes se dissipam.
Só uma canção me sobra...
um caco azul da ceia dos menestréis...
clarão natal no interlúdio de um parto sem dor.
Só uma canção...
Estrela cadente na mente do cantor...
(MAURICIO C. BATISTA)(IN MEMORIUM)
Posso pelas palavras sufocar todo o amargor que oprime o âmago
e revelar uma sintonia singela com a felicidade.
Posso com meu canto dedilhar sons
que percorrem meu horizonte
antes que a noite se prepare para acordar...
Posso pesquisar sonhos e sonhar
mesmo que seja um pranto
escoando na realidade...
Eu posso quando for guerreira de mim mesma
engravidar a vida com histórias de coragem
que o futuro apreciará...
Por sua causa
anseio por um porvir florido;
perfumado a exalar esperanças
que exprime o sabor das lembranças...
Quando acordar
verei que casa e sonho como centelhas desaparecem.
Só um sentir me resta...
uma faísca em meus olhos ...
uma gota de lágrima vestida de saudade.
Só um sentir...
Raio de Sol na mente de uma sonhadora...
(ESTRELA BRILHANTE)