A DEUSA DE ÉBANO E O CAPATAZ

A DEUSA DE ÉBANO E O CAPATAZ

Se ainda houvesse escravidão,

Eu a libertaria de minha senzala

E a aprisionaria em meu coração.

Como homem branco que chega

E de domínio em domínio

Tocaria meu corpo, coração e razão.

Penetraria sua alma morena,

Tocaria a sua boca pequena,

Saciaria teus prazeres ao chão.

Ou me arrastaria pelos cafezais,

No tronco me prenderia,

Com chicotes me bateria,

Se eu não te recebesse.

Arrastar-te-ia pelos jardins,

Prender-te-ia como fina flor,

Bater-te-ia com chicotes de amor.

Saciarias tuas lascívias

Ao ver meu negro sangue jorrar,

Quando em dores de parto me entregar

Ao teu poder de comandante.

Cessado o ritmo da minha chibata

Sobre tua mata não mais virgem,

Deito e respiro o odor da virgem mata.

Dueto entre Gilson Santos e Claudia Nunes