Existência

"Pensaram que eu era surrealista, mas nunca fui.

Nunca pintei sonhos, só pintei a minha própria realidade."

(Frida Kahlo)

Tentei lutar pela vida, a minha vida

Ergui os braços, clamei aos céus e percebi

Que a vida que vivia...

... Há tempos, já não era mais a minha

Ela escorria pelas frestas do dia, do meu jeito

Ironicamente, desejei-lhe sorte, de forma mesquinha

Busquei a verdade que não está presente em mim, nem em nós; contudo...

... Certifico-me apenas que a morte é como este frio na espinha

Quantos sou, já não sei... Não sou o mesmo de ontem

... Posso ser um, cinco, talvez cinquenta revolucionários

Posso ser um autorretrato no ventre de Frida Kahlo

Na verdade, sou meus poemas, e bebo nas mais diversas fontes

Talvez sinta a gosma planetária fluir, como me flui Sartre

Subindo pelo esôfago, nauseando-me, já não tenho tanta certeza

Se a vomito? É o que sinto... Se é o que sou, como quer que permaneça

O mundo explode sequencialmente no globo... Eis sua forma de arte!

E, compreendo que essa é minha última visão

Chegam os anjos, arco-íris, flores e folhas de ramos abertos

Na percepção de um sonho, os anjos me estendem a mão, percebo então...

... Que não há tempo de aproximação, somos seres distantes no deserto

*A Frida Kahlo (1907 - 1954) e Jean-Paul Sartre (1905 - 1980)

Prosa poética de

Lou Marciano James & Helio Rocca.

Marciano James
Enviado por Marciano James em 05/02/2012
Reeditado em 07/02/2012
Código do texto: T3481857
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