Diga-me, a que?
A que, me imolar, sustentar-me á antitese, de facto, absurdo,
Reputar um “dogma”, ínfimo, que por tão pouco, não me coube
Temendo inexistentes leis, por (que) migalhas imprestáveis?
Entregar-me como pedestal de um nado-morto,
por sobre um lodaçal
A que, nutrir-me de uma dor estranha,
repetir atitudes, gestos, maneiras,
Navegar o vazio, naufragar na escusa...
Para passar a vida esquecendo o que intento esquecer?
A que, sustentar fragmentos, estilhaços, amor sem volume,
Remotos carinhos, refugos teus donde hão de vir?
A que? Diga!
Para ouvir a voz ecoar da pedra, mentira crua, tua.
Responder às carícias malogradas.
Consolar-me á desdém de tuas juras?
A que, dar-me a um ser ausente, ser-le-ei pessoa ou absorvente?
Transigir-me com teus abrolhos, ser-te um escárnio.
Converter meus pensamentos somente em ti, ser só.
A que? Para ver meu ramalhete, a ti despojo
Te sujar o chão de perfume?
Diga-me, de que vale,
Tornar-me as pétalas, que teu ser pluriforme,
vexas por entre as ruas, telhados e cantos?
A que, me quedei de mim, por ti, fiz descaso do meu eu.
Diga-me, a que?
"Dila Santos e Junior A."
"Fora uma honra participar deste texto poetisa."