A INTIMIDADE DO TEMPO

Os dias passam entre meus dedos indiferentes ao calendário,

e diante de tudo que cheira a futuro vejo o tempo mudo

encostado na umidade antiga de um muro.

Mas não confundo os dias

com o crédito da vida no banco do tempo

ou com a esmola dada à sola solta na estrada.

O tempo parece página em branco implorando redação

e não sei se minha escrita tem o aval dos ventos editores.

Não posso me queixar dos dias sem carimbo do Olimpo

porque eu mesmo falsifiquei serenos

com rosas de choro sem botão aberto ao pranto da noite.

Também não me queixo do tempo;

se ele me aprisiona no coma induzido de seus muros

eu o acorrento na memória

escrevendo minha história em suas costas de pedra...

(MAURICIO C. BATISTA)(IN MEMORIUM)

As noites passam entre pensamentos e desejos

com a mesma ansiedade que outrora me arrebatava,

mas não com a presença física do prazer,

e sim com a esperança eterna de reviver.

Não lamento o açoite da noite,

só receio que ela me aprisione em seu leito

e revele a solidão mascarada do verso.

O tempo traz as lembranças carimbadas

com o registro documentado da realidade cega

que encobre a alegria e elege a tristeza.

Não me queixo das noites estreladas sem brilho,

pois permaneço ancorada sem rumo

em um porto inseguro de recordações.

Também não me queixo do tempo

porque sem ele a história da vida

passaria em branco sem desenhar sua trajetória...

(ESTRELA BRILHANTE)

Estrela Brilhante
Enviado por Estrela Brilhante em 13/12/2011
Reeditado em 17/12/2011
Código do texto: T3387414
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