“Equilíbrio...”
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No compasso dos sonhos meu coração caminha
Contudo o concreto é que doutrina meu mundo
A realidade austera refina a acepção da alma
Filtrando em frases emudecidas, meus sentidos...
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A voracidade dos passos rompe, alarga fronteiras
Intensificando as chances para saltos e arroubos
Entretanto os pés fincados num tempo sagrado
Decepam o afã que germina no coração avarandado...
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Simulo avanço, ainda que seja indelével a tortura.
Burlar o tempo ensaiando este desdém no olhar
Apostando dar substancia a inspiração que tenho
De dar à poesia e a vida, o som do acalanto...
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Para viver o equilíbrio sou suficientemente intensa
Propiciando fina suavidade as letras dos meus versos
Se quiser, removo as ataduras desse sentir truncado
E exonero a peneira do tempo que passa lento...

Glória Salles
Flórida Paulista

 
 
Equilíbrio?
 
Não sei ao certo o que é isso...
Talvez... Dependurar-me ante o precipício, sem deixar-me tragar...
Quem sabe medir as palavras, e o que sinto...
Talvez... Calar?
Só sei que vivo! E vivo amo, um amar intenso...
Só sei que me encontro suspenso... No ar...
Buscando por amar, a palavra exata e o silêncio!
Por amor, o ato, que seja certeiro e manso...
Forte e meigo!
Sei que vivo num redemoinho insano,
Tentando fincar os passos nos espaços do caminho,
Pisando/tateando realidades e sonhos...
Equilíbrio...
Será que é isso?
 
Edvaldo Rosa
São Paulo - Capital

Ilustração de Nanci Laurino