VERSOS INVERSOS (Dueto com Ana Joaquina)
(Ana Joaquina e Mario Roberto Guimarães)
Do que escrevo sou o inverso,
Dos versos que um dia vivi,
Nem em sonhos são sinceros,
Os momentos de amor que escrevi...
Talvez eu seja um felizardo,
Meus versos disseram, um dia,
De como a minha alma de bardo
Exultava, com o amor que vivia...
Versos que calam no peito,
Inversos da dor que domina,
Cantando um amor sem defeito,
Ilusão que um dia termina...
Mas hoje, fez-se nova era,
A solidão por companhia
Mostrou que é mesmo quimera,
No amor, a perfeita harmonia...
Meus poemas estão sorumbáticos,
No coração, alegria a reinar,
Se estão assintomáticos,
Não sei o que vou falar...
A poesia nasce aos pedaços,
A alma canta seus percalços,
Em versos cujos lentos passos
Retratam anseios falsos...
Poesias vivendo em conflito,
Contrastando com a realidade,
Paro, penso e reflito,
Calando a minha verdade...
O poeta canta o presente,
Recorda um doce passado,
Retrata tudo o que sente,
Ou um sonho acalentado.
Neste dueto, as estrofes são alternadas, sendo as ímpares de Ana e as pares de Mario.