Chuva, vem!

Chuva, vem!
Lava-me!
E leva contigo
esta dor
insana
que o meu
peito
inflama

embebe-me
frescura
que ardo,
ansiosa
acalma em mim,
chama viva,
a inesgotável
freima
que me consome
e devora!

Maria Petronilho


***


E quando a chuva cai ...

e quando a chuva cai
em sussurros ao nosso redor
as vezes com pausas alongadas
ou suaves pingos nas vidraças ...

e quando a chuva cai
interrompe os silêncios
bate doce no capim que abraça
afaga a natureza que vibra e revive

apaga o ontem infeliz
a melancolia imaginária do sentir
lava a alma poeta
derrama em gotas os pensamentos
escreve letras nos rastros das areias

soa numa fala mansa
grita trovões
acende raios de paixões
e descansa no sinuoso aroma em êxtase

espalha as nuvens
descobre o cais do sol
inunda em versos os sonhos da lua
dos mortais poetas
que esperam o cair da chuva
dos poemas que regam
imortalizando a terra.

Maria Thereza Neves