Alvorada Suspensa

Teimosamente o canto
evade-se do peito
e solta-se em agonia suspensa
de nada poder contra a natura
Num sarcasmo de espanto
repousa na alvorada de tantas frustrações
sucado de ilusões

E o meu canto não é
nem mais nem menos
que um rasgado mistério
prostrado de cócoras
nos arrasta sem história
e nos tira do sério

Fernando Rodrigues-Almeida

***

Alvorada Suspensa

Dia de cinza
profunda
infinita

O meu labor de poeta
é destrinçar
cada fibra de ousadia

Remendar sem agulha
a alma
a vida

Apelando à consciência
colectiva
por amor à vida.

Maria Petronilho