Placebo
(dia três de setembro de dois mil e onze sentadas na porta do bar, eu e Ana C., sem querer completando pensamentos uma da outra)
E quando eu olho para cima
vejo uma única estrela
e quando olho um pouco mais abaixo dela
vejo alguém que ofusca
minha visão
mesmo sem ter nenhum
brilho sequer;
E eu olho para o horizonte
Esperando que alguma coisa aconteça
Mas nunca acontece
E eu me esqueço
De olhar para meu lado
Onde sempre tem alguém,
Ela;
e depois de todos os gritos,
todas as vergonhas, todas as caídas no chão
ela continua sendo o que eu precisava há tanto tempo.
Enquanto isso
do lado esquerdo
tudo está errado
e sempre vai estar
e sempre fora do contexto
e sempre querendo chamar atenção e ser
uma paisagem urbana
e ser chupada como um garrafa quase vazia.
a maioria
das pessoas
é como se fosse
uma garrafa quase vazia
esperando para ser
chupada.
Olhe novamente, moço
Talvez quem você queira esteja vindo.
Olhe, procure, busque, chore.
Não há ninguém
Somos apenas eu e você
E mais uma estrela
Que brilha lá no céu,
Mas está tão apagada aqui.