A ESPERANÇA E A MUSA
A musa espera seu poeta
no Norte magnético de sua caixa postal.
As horas passam,
mas a espera é um dom de Primavera
preparando o fruto desde a flor.
A madrugada,
o sereno
e o primeiro rumor da alvorada não a expulsam da noite
mesmo com a partida da última estrela.
Seu poeta não veio no saveiro da manhã;
ela ainda o espera na silenciosa vela
que anota ventos com alma de moinho.
Certamente seu poeta não viu a seta
onde a Primavera aponta seu endereço.
A musa espera paciente a desfolhar minutos.
Se erguer o olhar e trouxer frutos
ele a encontrará como alvará de sua escrita
e hálito soberano de seu beijo.
Mas se sobejar a Lua ela será apenas um verso
que a letra seca não soube copiar...
(MAURICIO C. BATISTA)(IN MEMORIUM)
Enquanto a musa espera seu poeta
o pensamento navega ancorado num sonho.
A cada minuto o vento sopra entusiasmado
com o pólen trazido das flores.
Ao amanhecer ela não perde a esperança
de ter o Sol como companheiro da alvorada
mesmo que no horizonte anuncie uma tempestade.
A demora do poeta se mostra bela
quando a espera faz parte do ensaio
que seu amor realizou.
Seu poeta perdeu-se no caminho
pensando que o roteiro das ondas
levá-lo-ia para os braços de sua musa.
A paciente musa não desanima
porque seu desejo está entranhado
no bocejo que o beijo descreveu...
(ESTRELA BRILHANTE)