Estou meio metade...




Tenho sentido falta de parte de mim.
Memórias - que desconfio,
Estão perdidas por aí!
Dei-me conta do fato
Quando percebi o vazio que havia.
Primeiro olhei-me: Seriam os braços?
Não os vejo!

Mas não!!
Não são apenas os braços!
Para meu desalento,
Outras partes haviam sumidos!
Assim! Num passe de mágica!
Num repente!

Olho para os lados.
Será que ninguém vê que já não estou?!

Em casa - sou zumbi!
Não como. Não durmo. Não canto.
Pior - não escrevo!
Falta alguma coisa em mim!

Vou ao espelho. Sempre acabo indo.
Olhos, boca, ainda aqui!
Pés..pernas...corpo... também!
Mas... nem tenho vontade de coçar os pés!

E as mãos?!
Sinto tanta falta de minhas mãos!
Prefiro que se multipliquem,
Todas ao meu redor,
Mesmo que não saiba o que
Fazer com elas!

Sou uma transgressão total!
Uma E.T.!
Estou sem estar!
Ah! boca!
Tu falas o que te condiz!
Ah! coração!
Tu mandas escrever o que te aprouver!

Sou e não sou.
Falta algo em mim.
Estou onde não quero estar.
Meu corpo quer me levar
Onde não posso ir!

E na minha negativa - somem!
Me deixam sem rumo!
Sem porto-seguro!
Me batem!
Trancam-me os dentes!
Me mordem!

Estou meio metade!
Faltando pedaços!
Sou quase!
*************

Delasnieve Daspet
10,56 hs 29 maio de 2001

* * *


Plena



A manhã se redescobre em alvura!
deténs-te
na madrugada que ora és
e que nasceu
da noite que passaste
com desvelo
olhas surpresa o teu próprio
reflexo
Amanheceste!
Por isso deambulas qual estrela
estremunhada ainda
serás vénus ou a lua que paira?
sorris
ao certo sol de um novo dia
e surges
estrela viva a brilhar no céu,
Plena! 


Maria Petronilho
2/2/2003



(Para Delasnieve Daspet)