Flor e Dor/Cor e Flor
Flor e Dor
Guida Linhares
Te faltou a flor..
que ele não te deu.
E assim surgiu a dor,
alimentando os versos teus.
Pela flor que ele não deu,
e teu coração não acendeu,
uma nova chama nasceu,
em versos tristes de Orfeu!
Mas na estrofe que cedeu,
a dor que apareceu,
tua alma de poeta renasceu,
na divina inspiração
que Deus te deu!
Santos, SP
29/11/06
Dueto em resposta ao poema
Cor e Flor
Márcia Possar
E ele nada sabia...
Algumas vezes precisei sair,
ir ao florista, abluir.
É que meu lado amenista
que também é meneador,
às vezes se perdia
e precisava do verde
e precisava da flor.
De mim, ele nada sabia.
Decompunha-me em monocromia
quando me queria ao alcance,
notável performance
em elãs de devoção,
sem ao menos supor
que eu precisava da cor,
que me faltava floração.
Enfadava-lhe a minha poética
e fadava-me ela, à estética.
Sem lei nem rei, poetei,
saí do seu influxo e voei.
É que meu lirismo
não cabia no ceticismo
e eu precisava aclarar,
precisava desabrochar.
E ele não se deu conta,
da afronta que remonta
ao se tentar condizer rimas,
coadunás-la com cismas.
é que aquele meu lado anuente
que também era contundente,
soprava-me outros temas
e pedia-me poemas,
alfazemava-me em aromas.
Ele não sabia
que entre laços havia nós,
que, quando a sós
me embaraçava e envilecia
e carecia mais dos desabraços,
dos desabafos, dos desassombros
a nortearem meus devaneios.
É que faltava-me a cor
de um verde esteio,
e, nesse enleio,
faltou-me também a flor...
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