BAGDÁ DOS MEUS SONHOS

Enquanto isso,
sonho com a Bagdá
das mil e uma noites,
dos califas, das odaliscas,
dos camelos e das tâmaras secas;
sonho com o céu cor-de-rosa,
com as noites estreladas e
com a lua derramando seu choro de prata

Sonho com as silhuetas
das palmeiras enfeitando os horizontes do deserto

Sonho, sonho muito e
no meu sonho não existem bombas
nem choros nem sedes nem fomes nem mortes

Sonho com um lugar que talvez
não existe mais


© Fernando Tanajura Menezes


BAGDAD, QUEM ME DERA FOSSE EM SONHOS!

Naquele mesmo mercado
de exóticas especiarias
bolos de aroma de rosas
damascos acetinados
coxins e tapeçarias

enquanto Harum-al-Raschid dormia
sobre as suas almofadas
cairam do céu as bombas
desfizeram as bancadas
desfizeram as pessoas

as Scherazades morenas
desesperam pelas ruas
nas suas túnicas negras

quem me dera fosse um sonho
provocado pelo vento
da tempestade de areia
cor de ocre, mas não era!

Maria Petronilho

Nota: Harum-al-Raschid
Sharazad
 
ref. às Mil e Uma Noites, contos árabes, de origem milenar.


26/3/2003