Do outro lado do muro
Há um pai que lamenta
Pois o filho partiu
Sem bagagem, sem rumo
Lá se foi o menino
Que dizer do destino
Quando tudo esvaiu?
Que dizer da saudade
Da lembrança latente
Que fazer do desgosto
Remoendo a utopia
Da tristeza que veio
De uma falsa euforia?
E quem sabe o que havia
Do outro lado do muro
Quando a mente vazia
Rebuscava o futuro
E na ganância que ardia
Perdeu-se na mira
E caiu no obscuro?
Se a angústia confusa
Renitente persiste
Quem sabe outro dia
Outro filho, qual o pai
Só viaje em sonhos
E por fim a intrusa tristeza indigesta
Dê lugar à esperança
E se atrase para a festa.
*em solidariedade ao Poeta Luiz Fernando Prôa