UM ANJO VÂNDALO - RR & Janaína Cruz
Ela:
Diáfano dia
Uma falta óbvia de sol
Cinza, cinza, cinza
O dia nasceu cinza
E entrou em meus olhos como flecha
Tão lentamente que nem senti
Talvez desequilibre meu voou
Minhas asas vândalas
Chegam a precipitar-se.
Os teus mapas não passam de alfarrábios
Litografados por lágrimas minhas…
No canto da sala há uma sombra azulada
Cheia de enigmas
Mortas mariposas fundidas a lâmpadas florescentes
O juizo desencaminha-me
O cheiro, os pés a solidão
O vento que move as cortinas
As trilhas do meu coração
Eu:
E o vento, de meus anelos amigo, sopra impetuoso a meu favor
Num hálito abrasador que perfaz todos os impulsos de tuas asas
Trazendo-te ao reino das brasas e ao trono flamejante do amor
Neste que de ti é caçador, cujas chamas do ardor são águas rasas!
Vinde habitar em mim - meu anjo fraturado por desilusão
Que toda cena da solidão será vencida pela tórrida libido
Atende ao meu pedido e dê-me teu gemido no cálice da inebriação
Que é vândalo também meu coração, que em teu pecado almeja-se redimido!
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"Dentre as sensações publicáveis, querida Janaína, eu diria que me sinto o mais bem aventurado dos homens ao ladear-te em versos. Já dentre as impublicáveis, eu diria que tal sensação fulgura além das traduções. Obrigado, deusa da sedução!"