Quebra de sigilo
Pra vasculhar minha vida
Começaram a investigar
Adentraram a conta bancária
Nada deram de encontrar
Toda a Receita intrigada
O pente fino passou
Não acharam nem um fio
Prosseguiu, não conformou.
De repente atinaram
Ou alguém "caguetou"
E a Receita insatisfeita
Meu segredo desvendou
Nada eu tinha declarado
E o esfomeado leão
Revirando os meus guardados
Tropeçou no aluvião.
Deu um urro de euforia
Preparando o calabouço
Desse cabra como a carne
Vou roer até o osso
Incitaram a Federal
Que veio de camburão
Portando AR 15,
Semi automática e canhão.
Quis indagar o porquê
De tanta investigação
Disseram: -quero o tesouro
Escondido no porão
Não adianta negar
Foi feita a confirmação
Tudo que foi sonegado
Vai de volta pro leão.
Fui algemado e apanhei
Como fosse um delinquente
Mesmo assim, mudo fiquei
Sem dar com a língua no dente
Meu tesouro é valioso
E se não é coisa legal
Posso até morrer por ele
Não entrego à Federal.
E assim foram invadindo
Minha humilde moradia
Dizendo vamos levar
Tudo que tem de valia
Quando encontraram o baú
Foram abrindo à revelia
Ficaram todos afoitos
Radiantes de alegria.
Quebraram a fechadura
Numa enorme estripulia
O leão de boca aberta
Desesperado rugia
Esfomeado que estava
Comeu o que dentro havia
E morreu de pança cheia
Entalado de poesia.
Itabira MG
23/09/2010