Quebra de sigilo

Pra vasculhar minha vida

Começaram a investigar

Adentraram a conta bancária

Nada deram de encontrar

Toda a Receita intrigada

O pente fino passou

Não acharam nem um fio

Prosseguiu, não conformou.

De repente atinaram

Ou alguém "caguetou"

E a Receita insatisfeita

Meu segredo desvendou

Nada eu tinha declarado

E o esfomeado leão

Revirando os meus guardados

Tropeçou no aluvião.

Deu um urro de euforia

Preparando o calabouço

Desse cabra como a carne

Vou roer até o osso

Incitaram a Federal

Que veio de camburão

Portando AR 15,

Semi automática e canhão.

Quis indagar o porquê

De tanta investigação

Disseram: -quero o tesouro

Escondido no porão

Não adianta negar

Foi feita a confirmação

Tudo que foi sonegado

Vai de volta pro leão.

Fui algemado e apanhei

Como fosse um delinquente

Mesmo assim, mudo fiquei

Sem dar com a língua no dente

Meu tesouro é valioso

E se não é coisa legal

Posso até morrer por ele

Não entrego à Federal.

E assim foram invadindo

Minha humilde moradia

Dizendo vamos levar

Tudo que tem de valia

Quando encontraram o baú

Foram abrindo à revelia

Ficaram todos afoitos

Radiantes de alegria.

Quebraram a fechadura

Numa enorme estripulia

O leão de boca aberta

Desesperado rugia

Esfomeado que estava

Comeu o que dentro havia

E morreu de pança cheia

Entalado de poesia.

Itabira MG

23/09/2010

Marçal Filho e Saulo Campos
Enviado por Marçal Filho em 27/05/2011
Reeditado em 04/07/2015
Código do texto: T2998015
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2011. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.