SAUDADE - Carmo Vasconcelos & Maria Luiza Bonini
SAUDADE
Carmo Vasconcelos
Saudade tenho dos sonhos
que já não ouso sonhar
dos arabescos risonhos
das asas do meu voar
Saudade tenho de mim
quando plena de candura
plantava em qualquer jardim
os meus gestos de ternura
Saudade tenho do vento
revolto da juventude
que em golpes loucos sem tento
me roubava a quietude
Saudade tenho do Sol
que eu buscava na procura
da alegria meu lençol
da tristeza cobertura
Saudade tenho da Lua
minha terna confidente
de mágoas de vida crua
de prantos de amor ausente
E mais saudade pressinto
não sei de quê nem de quem...
da vida, vulcão extinto?
de mim, de ti, ou do Além?
***
(Original de 1997)
Lisboa-Portugal
5/Julho/2008
SAUDADE
Maria Luiza Bonini
Querida Carminho,
A tua saudade me deu tanta saudade...
Saudade, palavra nossa
Esteja ela hospedada em um coração
Na poesia ou na canção
Usurpá-la, que jamais alguém possa!
Inexiste em outro vocabulário
É privilégio de quem está em sintonia
Busca inglória em outros dicionários
É palavra orgulho de toda a lusofonia
Está registrada em nosso sentimento
Em nossos apelos e em nossos segredos
Lembrança de bons e maus momentos
Palavra que não se traduz
Ela é única e soberana
Saudade... Tem aquele gostinho de alcaçuz