Transe Na Escuridão - Inominável Ser & Agnes Mirra
Alma absurda minha,
Trancada por todas as mansões
Dos maiores condenados,
Pedindo por bençãos,
Chorando por bençãos,
Bençãos Da Escuridão,
Bençãos Dos Berços Da Escuridão,
Bençãos Das Mãos Da Escuridão,
Escuridão,
Escuridão minha,
Escuridão nossa...
Escuridão Interior que exala
Luz,
Luz que alguns vêem...
Escuridão desejável,
Imploramos por bençãos,
Suplicamos por ela,
Imploramos,
Gritamos,
Pedimos bençãos às Trevas,
Pois delas viemos,
Pois delas somos feitos...
Somos a própria Treva,
Flamejante e homogênea,
Somos o fogo do inferno vermelho...
Súplicas em transe,
Choros em transe,
Gritos em transe,
Transe maléfico do inferno vermelho
Do qual somos parte!
Transe predileto do inferno vermelho
Do qual fazemos um lençol
De leito infernal
Povoado pela treva nossa!
Treva de Delirante,
Treva de Inominável,
Treva a delirar!
Treva a inominavelmente
Povoar de sangue ardente fresco
As faces nossas de delírios
Em todas as obras das trevas
Que carregamos em nós
Desde nosso fim ao nascermos
Até o nosso começo ao morrermos
A morte final!
Aquela morte do suspiro nosso final
No leito de treva último
Afinal...
E neste misto de trevas
Em delírios inomináveis,
Nos encontramos exalatados
Em meio ao mundo girando...
Girando e ecoando trevas...
Exalando vermelho flamejante...
Penetrando em nossos poros...
E nós em transe
E habitando o escuro nosso,
O escuro do qual precisamos...
Giramos na mesma frequência
Das trevas em chamas,
Me vejo dentro de seus olhos,
Te vejo escorrendo de meus poros,
Te sinto como sinto meu útero
Nas cólicas menstruais...
O transe nos transposta ao
Reino da dor,
A dor que invocamos,
A dor que nos preenche...
Dor...
Dor...
Dor...
Escuro e quente,
As Trevas brilham e se jogam
Para mim,
Penetrando pela minha boca,
Enchendo minha alma...
Dor e Escuridão
No reino do transe delirante...
Eu e você em transe,
Flutuando em meio às Trevas,
Sendo as Trevas...
Sendo as terras negras
Dos solos negros
Da escuridão nossa
Na Escuridão Eterna,
A Senhora Eterna nossa,
A Mãe Eterna nossa,
Mãe que em nossos delírios
Coroa-nos como condenados
A mais dor,
Coroa-nos como condenados
A mais horror,
Coroa-nos como condenados
A sermos
Um do outro em dor!
Sinto-te aqui em minha alma
Em dor,
Meu sangue sai das entranhas obscuras
Do meu obscuro coração...
Agarro-me ao escuro
Do meu obscuro quarto,
Sento-me em meu túmulo amado...
No escuro em transe,
No escuro em transe,
No escuro doloroso
Em transe...
E finalmente nossas almas
Colidem e se unem
Em total harmonia,
Eu,
Você,
As Trevas
E toda a Escuridão
Do nosso Reino...
Poema originalmente publicado em 17/11/06, em meu blog com Agnes Mirra, A Rainha Dos Delirantes, denominado Delírios Inomináveis, localizado no endereço http://deliriosinominaveis.blogspot.com