Lago profundo

Sueli

Ruas perdidas

no ato mecânico de andar.

Rostos esquálidos,

envolvidos no pensar

angustiante de mais um dia.

Cisne

Um dia tão-igual

tão sem ar, sem luz.

A agonia toma de assalto

um dos muitos transeuntes

uma tortura nauseante.

Senta-se num vago, solitário banco

Anamaria

Levanta-se num rompente.

Em passos errantes.

Tanta agonia pulsante...

Passos largos e cansados.Há apenas a multidão de rostos.

Destino proposto.

Solidão ensandecida.

Sueli

Segue seu caminho confuso,

olhar prolixo, difuso,

em busca do tudo que não tem,

escondendo-se do nada que lhe detém.

Esperança perdida /em alguma esquina.

Vida em ruína...

Cisne

Por um momento,

pára.

Lembra-se do erro fatal:

acidente...acidente...

Sua consciência presente.

Uma dor funda no peito.

Medo, pavor, terror.

Um medo azul escuro

Royal

Alguém muito especial:

seu filho agonizando,

na fria mesa de cirurgia.

Triste, interminável dia...

Anamaria

Lago profundo.

Rosto imundo.

Multidão de rostos.

Destinos opostos.

Abismos sem volta.

Submersos,

no submundo.

SueliFajardo
Enviado por SueliFajardo em 15/11/2006
Código do texto: T292407
Copyright © 2006. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.