DISPERSOS NO ESPAÇO

Naquela praia, pela areia

Eu andava distraído,

Admirando a natureza,

Quando, como uma sereia,

Tu me deixou surpreendido

Com tua delicada beleza.

Foi num momento de distração

Que te olhei quase sem querer,

E você sem perceber prendeu-me em teu olhar,

Como o metal que é atraído por um imã.

E quase já sem força não resisti.

Ao cruzar, olhamos de lado

E, quando voltaste o olhar

Eu te olhava paralisado.

Rápido, nos aproximamos.

E como velhos conhecidos,

Descontraídos, conversamos.

E quase trocamos segredos.

Era como se aquele momento

Fosse o nosso reencontro.

Como se tivéssemos algo a resgatar.

Perdi-me em teu olhar,

Que naquele momento me falava muito mais

Do que todas as palavras que conseguimos trocar.

E foi neste mesmo silêncio que nos despedimos.

Levei comigo teu olhar

Que sem nenhuma intenção inundou-me a alma.

Depois, cada um pra seu lado,

Seguiu o seu caminho,

Nos dispersando no espaço.

Agora, aqui desacordado,

Pensando em ti e sozinho,

Eu já não sei o que faço...

Hoje, sigo solitária a procurar por ti.

Tento encontrar em cada rosto aquele olhar

Que me atraiu feito uma presa

Mas, não te encontro em ninguém.

E sempre volto aquela mesma praia

Na esperança de te reencontrar.

Fernando Alberto Couto / Kika Brandão

Kika Brandão
Enviado por Kika Brandão em 02/04/2011
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