DISPERSOS NO ESPAÇO
Naquela praia, pela areia
Eu andava distraído,
Admirando a natureza,
Quando, como uma sereia,
Tu me deixou surpreendido
Com tua delicada beleza.
Foi num momento de distração
Que te olhei quase sem querer,
E você sem perceber prendeu-me em teu olhar,
Como o metal que é atraído por um imã.
E quase já sem força não resisti.
Ao cruzar, olhamos de lado
E, quando voltaste o olhar
Eu te olhava paralisado.
Rápido, nos aproximamos.
E como velhos conhecidos,
Descontraídos, conversamos.
E quase trocamos segredos.
Era como se aquele momento
Fosse o nosso reencontro.
Como se tivéssemos algo a resgatar.
Perdi-me em teu olhar,
Que naquele momento me falava muito mais
Do que todas as palavras que conseguimos trocar.
E foi neste mesmo silêncio que nos despedimos.
Levei comigo teu olhar
Que sem nenhuma intenção inundou-me a alma.
Depois, cada um pra seu lado,
Seguiu o seu caminho,
Nos dispersando no espaço.
Agora, aqui desacordado,
Pensando em ti e sozinho,
Eu já não sei o que faço...
Hoje, sigo solitária a procurar por ti.
Tento encontrar em cada rosto aquele olhar
Que me atraiu feito uma presa
Mas, não te encontro em ninguém.
E sempre volto aquela mesma praia
Na esperança de te reencontrar.
Fernando Alberto Couto / Kika Brandão