Abismo
(Cisne)
Uma sacerdotisa amargurada
num penhasco...
ventos uivando,
como uma ópera vagueneriana...
(Sueli)
Desvairada, grita, faz um apelo
por seus sonhos, agora,
sem alguém para recebê-los,
sem a quem profetizá-los.
(Cisne)
Apela e se dirige a Plutão,
deus da destruição.
Implacável, faz descer
o Pássaro Escarlate,
belo exterminador.
(Sueli)
Com asas de anjo,
envolve-na, seduz no desejo
e na dor.
Em seu ensejo e loucura,
Dança à beira do abismo
E, com lucidez não mais alerta,
Entrega-se à morte certa.