"SARANDI" (Ciranda Particular, Cirandando Para Lhes Alegrar!!!)
Certa tarde eu vadiava
Nas bandas do Sarandi
Enquanto o vento cantava
Te juro que eu os vi:
Uma defunta escrava
Charlando com um saci
Luiz Vila Flor
Neste Palrar Matreiro
Cirandaram Em Meu Canteiro
Para Arrumar Tudo Levei Um Dia Inteiro,
Fiquei Com Tanta Raiva Da Defunta Escrava,
Que Com O Malvado Saci, Chalrava
E Em Minha Horta Bagunçava!!!
Pequena Poetisa-Vana Fraga
Mexeram na tua couve,
Fuçaram teu aipim,
Inda bem que não rogaram,
Nenhuma praga em mim.
Pois se desse pé de vento,
Podiam me arrastar,
Pros quintos dos infernos,
Ou pra qualquer outro lugar.
Luiz Vila Flor
Coisa Feia Foi O Que Houve,
Até Hoje Tem Gente Assim :-O.
Com Medo E Tomando Diazepam...
Que Bom Que Teve Bom Fim
Aquele Maléfico Assombramento;
Lembro Que Tentaram Nos Capturar,
Muito Tivemos De Rezar Para O Tormento
Se Acalmar, E No Inferno Não Irmos Morar!!!
Pequena Poetisa- Vana Fraga
Desconjuro, isso não se assunta!
Que pros infernos eu ia nadinha,
Pois não temo essa negra defunta
Nem esse besta saci, um bostinha.
Com relação ao canteirinho bendito,
Eu me arranjava e dava um jeitinho:
Colocava dois espantalhos bonitos,
Um pro saci outro pros passarinhos.
Luiz Vila Flor
Eu Esconjurei E Muito Reclamei,
Pedi Tua Ajuda, E A Idéia Foi Dada,
Os Dois Malditos; Excomunguei,
E Velha Vai Me Dar Uma Ajudada,
No Pescoço Do Saci Pendurei A Ágnus-Dei,
O Canteiro Foi Na Base Da Enxadada,
Espantalhos Para Espantar Os Fora Da Lei
Coloquei; A Passarada, Já Esta Em Debandada!!!
Pequena Poetisa-Vana Fraga
Mas temos que nos precaver
Pois esses zumbis são danados,
Podem, de tocaia, reaparecer
E entornar o meu vinho quinado.
Já no canteiro eu vou colocar
Dois pés de arruda, nas beiras,
No meio, a horta vou replantar
Bem na sombra das bananeiras.
Luiz Vila Flor
Já Vou Tratar De Me Precatar,
Antes Destes Cazumbis Safados
Voltarem, Na Igreja, Irei Buscar
Água Benta Para Exorcizar Os Irados!!!
No Canteiro Acabei De Semear
Pimenta Para Servir De Barreiras,
Comigo-Ninguém-Pode, Vou Plantar,
Só Me Resta Arrumar Umas Açoiteiras!!!
Pequena Poetisa-Vana Fraga
Se o saci voltar e a defunta também,
Não tem chororô e nadinha de amém.
Chova ou faça sol, seja dia ou noite,
Não tem outro jeito que não o açoite.
É pegar minha chibata de couro fino,
Que me protege conta esses mofinos,
Lambuzar com sebo derretido na hora,
E sapecar no lombo de quem desafora.
Luiz Vila Flor
Se Eles Voltarem Por Nós Já Temos Quem,
Comprei Por Algum Vintém Um Casal De Adem,
Faça Um Tempo Bom Ou Um Tremendo Temporal,
Eles Estarão Solto Lá No Quintal e Darão O Sinal,
Assim Que Começar O Berreiro, Corres Pro Terreiro,
Tu Sapecas, Açoitero, Que Eu Chuto O Traseiro,
Assim Nós Iremos Afora, Eles Não Mais Apavora,
Sumir Hão Embora, Tal Qual Nuvem Que Evapora!!!
Pequena Poetisa-Vana Fraga
Luiz Vila Flor e Pequena Poetisa-Vana Fraga
Grata Ao Poeta Amigo Tão Querido,
Por Nosso Belo Dueto Ter Permitodo!!!