Carmem Teresa  e  Walter de Arruda

CANTO... DE AMOR
AO TEU VELHO  SAHARA


 
Me traga
Uma canção
Mais pulsante
Que dois corações amantes...




Me traga
Uma canção
Mais suave
Que o corpo suado
Depois de um  bailado

Quero
Uma canção
Que faça o Tempo
Passar como pétalas...
Ensinando movimento de  leveza ao vento...

Ao fluir perfumado das horas
Seu encontro é mais doce
Que nectar de tâmaras
Nas manhãs
Orvalhadas...



Quando ouço
Sua canção
Minha poesia
Renasce perfumada...
Minh'alma se esvai...
Florescem novos jardins...

Uma
Nova mulher
É sempre semeada
Por velhas saudades....
Velhos sons que ficaram...
Vozes do deserto sob o vento intenso...
Minhas palavras revestem-se com as peles azuis
Do véu que as cobre o coração do mundo...

No eterno Sahara
Só se caminha à noite
E as flores que bailam junto
Às dunas só se abrem ao luar
Após ouvir a canção
Que as areias douradas
Entoam ao vento...

Trilhar as caravanas do deserto
É como envolver-se no corpo amante...
É ser pequeno na terra viva que veste a carne
Para o desejo... É entoar essa canção melodiosa
Na violência do vento ardente...
É amar... É perder-se...
Na imensidão dourada da paixão...
E não chegar jamais
Ao fim das terras distantes...


Como
Me encantam
Esses teus olhos tomados,
Tentados pela poeira dos desertos...
E toda a magía que me envia
O teu olhar pelas  luzes
Das estrelas chega
Abraçar meu sonho
Vem imagiar a minha esperança...
.
Em minha vida
Nômade  nesse deserto imenso...
Vivendo ou tuareg em defesa
Almeja em mim o Ser
Olhar com olhar
O teu Cruzar...


Ah! Céu!
Meu Profeta...
Se possível subir
E saber onde te encontras
Nas montanhas altas
Tentando me ver
Em tua Lagoa
Nos céus...
 
Quem sabe
No próxima nascente
Seja o Céu onde nos vemos
Ou onde estará um sinal
Teu que eu possa
Alcançar...
 
Fareja 
Minha montaria
Água há cinco dias...
Eu recebo teu perfume
A noite esfriando
O dia nas gotas
De orvalho das estrelas...
 
 
Na noite
Que se aproxima...
Costumo caminhar sobre as areias
Sentindo o calor
Que se esvai
Sob meus pés...
 
Como
Viver no deserto
E ignorar o céu do Profeta?
Ajoelhar e orar em sua direção...
Todas as preces que desde criança
Aprendi a viver no coração
Amar e proteger familia
Lutar por toda a vida
A meu redor...
 
 
Sou eu
O deserto
É minha vida...
E... És  amada
Todo o meu
Amor...


***

Nota:

O vento ao cantar
Areias do deserto, murmura
Sempre uma melodía
De despedida...


google/imagens
 
 
Walter de Arruda in memorian e Carmem Teresa Elias
Enviado por Walter de Arruda in memorian em 25/02/2011
Reeditado em 14/09/2012
Código do texto: T2814753
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