Pássaro

Sou um beija-flor renascido das cinzas, ainda não descoberto, para os homens sou incerto. Sou habitante do sol e dos jardins, mas sou deserto também. Não gosto do frio de agora, mas tento me esconder, vou enfrentar a chuva outrora para poder sobreviver...

Diante das adversidades, ainda tenho que comer, mas como posso fazer? Se viajo até o sul, encontro demasia de calor, se ao norte vou, deparo-me com geadas e rigor. Como agora posso comer se não há o que escolher?

A missão atual é me esconder... Mas como posso fazê-lo, se tantos inimigos tenho a combater? Sou novato, tenho muito que aprender, nesse mundo de grandes, tenho que me manter!

Nesse lugar egoísta... Você já vai entender! Me alimento de uma flor, mas a vi morrer. Na ganância dos maiores, esqueceram de repor. Sua vida, sua morte, era questão de valor.

Vi a morte dela, mas sofri a minha também... Porém renasci das cinzas, no que eles chamam de além. Vi ela junto comigo, mas sem vida olhando aquém...

- Voltarei para os meus jardins, na companhia de ninguém!

- Mas por que és tão injusto, se tão belo aroma esperei?

...

- Você renasceu para voar, mas ela para ficar presa a um só lugar!

- Vou embora, vou embora, agora em busca de alguém, já que fora desse além não posso ter mais ninguém.

- Vou voar, olhando do alto da montanha, mas já encontrei alguém, para fazer dela minha eterna e doce refém...

Paulo Ricardo Pacheco
Enviado por Paulo Ricardo Pacheco em 02/01/2011
Código do texto: T2704157
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