Pássaro
Sou um beija-flor renascido das cinzas, ainda não descoberto, para os homens sou incerto. Sou habitante do sol e dos jardins, mas sou deserto também. Não gosto do frio de agora, mas tento me esconder, vou enfrentar a chuva outrora para poder sobreviver...
Diante das adversidades, ainda tenho que comer, mas como posso fazer? Se viajo até o sul, encontro demasia de calor, se ao norte vou, deparo-me com geadas e rigor. Como agora posso comer se não há o que escolher?
A missão atual é me esconder... Mas como posso fazê-lo, se tantos inimigos tenho a combater? Sou novato, tenho muito que aprender, nesse mundo de grandes, tenho que me manter!
Nesse lugar egoísta... Você já vai entender! Me alimento de uma flor, mas a vi morrer. Na ganância dos maiores, esqueceram de repor. Sua vida, sua morte, era questão de valor.
Vi a morte dela, mas sofri a minha também... Porém renasci das cinzas, no que eles chamam de além. Vi ela junto comigo, mas sem vida olhando aquém...
- Voltarei para os meus jardins, na companhia de ninguém!
- Mas por que és tão injusto, se tão belo aroma esperei?
...
- Você renasceu para voar, mas ela para ficar presa a um só lugar!
- Vou embora, vou embora, agora em busca de alguém, já que fora desse além não posso ter mais ninguém.
- Vou voar, olhando do alto da montanha, mas já encontrei alguém, para fazer dela minha eterna e doce refém...